domingo, 25 de setembro de 2011

Adele

Cantora britânica se torna o fenômeno de vendas sem precisar de coreografias rebolativas nem letras de cunho sexual como suas oponentes
Em 2008, quando Adele lançou o seu primeiro disco, 19, foi saudada como a nova Amy Winehouse. Mas, a bem da verdade, afora as referências ao gênero musical e uma predisposição para tratar das próprias angústias em suas composições, são duas artistas distintas. Amy, sem rumo e dada a excessos; Adele, uma antimusa recatada. É essa a imagem que ela mantém em 21, seu segundo disco, lançado aqui em abril deste ano. A voz de timbre rouco e potente serve de suporte a canções com letras confessionais que por pouco não passam da conta no açúcar - muito diferente de Amy e sua verve romântica tresloucada. Adele também se diferencia no rol de influências, lançando mão de folk e rhythm’n’blues em suas composições. A maioria das letras da diva rechonchuda fala de namoros fracassados e de dificuldades de adequação social. A cantora nunca negou que trate de sua vida nas canções. Tanto que deu margem a que um ex-namorado pensasse em processá-la, alegando direito aos royalties das faixas que teria inspirado. Loucuras à parte, 21 é um disco que confirma Adele entre as expoentes da sua geração.



Canções como Rolling in the Deep, Someone Like You, Set Fire to The Rain e Lovesong (versão de música já gravada pela banda The Cure) impulsionaram as vendas de seus discos, 19 e 21 - os números correspondem à sua idade na época do lançamento. Do dia para a noite, Adele deixou de ser uma branquela redonda e chorosa para se tornar, até agora, o maior fenômeno de vendas do ano. Desde 1990, quando Madonna lançou The Immaculate Collection, uma mulher não ficava em primeiro lugar por dez semanas consecutivas na parada inglesa. Adele foi lá e bateu a marca. Nos Estados Unidos, ela ultrapassou a soma de 1 milhão de discos vendidos e obrigou Lady Gaga, depois de Born This Way despencar 84% nas vendas de uma semana para outra, a disputar palmo a palmo um lugar na parada de sucessos. 
Para o crítico de música da revista americana The New Yorker, Sasha-Frere Jones, Adele é prestigiada nos Estados Unidos por um público branco, de meia-idade, que não sabe fazer download e precisa ir à rede de café Starbucks comprar discos. O que justificaria a explosão nas vendas. Sem muito talento para a dança nem as coreografias de apelo sexual, resta a Adele fazer o que lhe cabe bem: cantar. Produzido por nomes experientes do ramo, como Rick Rubin (Johnny Cash, Red Hot Chilli Peppers e The Gossip) e Paul Epworth (Cee Lo Green), 21 chegou ao topo como um elemento estranho, cercado por beldades como Rihanna, Shakira e Britney Spears. E deve se manter por uma mistura de talento e qualidade. Pedir autenticidade no soul de boutique que Adele canta já seria demais.
Saiba mais sobre a cantora clicando aqui.
Postado originalmente o site da revista Veja

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