Na tentativa de barrar a China e recuperar parte do mercado que está hoje nas mãos de importadores, grandes fabricantes nacionais de brinquedos querem se unir para criar a maior empresa do setor. A fusão vem sendo estudada há dois anos depois de uma sugestão da Brinquedos Estrela, que está entre as cinco maiores fabricantes do País. "É impossível ter um setor forte num ambiente tão pulverizado como o nosso. Sem um grande player, não somos alvo de investimentos", disse o presidente da companhia, Carlos Tilkian.
No Brasil existem 440 fabricantes de brinquedos que detêm menos da metade do mercado nacional. O restante foi abocanhado por 280 importadores, especialmente chineses.
A fusão está sendo estudada pela Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos (Abrinq). Deve envolver sete grandes empresas que, juntas, terão faturamento de R$ 250 milhões e uma fatia de 40% do mercado nacional. O presidente da Abrinq, Synésio Batista da Costa, garante que o processo está prestes a ser concluído e que a documentação deve ser encaminhada para avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em três meses. Mas os empresários do setor não são tão otimistas. Para eles, a fusão não deve sair antes de um ano por causa do próprio perfil das empresas. Exceto a Estrela, todas as outras fabricantes são de capital fechado, o que dificulta as negociações porque as contas não são auditadas.
Os nomes das empresas envolvidas no acordo não foram divulgados. Costa disse apenas que são de um mesmo segmento e complementares. Entre as maiores fabricantes de brinquedos do País estão Bandeirantes, Gulliver, Grow, Estrela e Líder. Como não existem estatísticas confiáveis no setor, a Abrinq não divulga o ranking com a participação das companhias
"Nosso maior problema é o custo da cadeia produtiva do brinquedo. A competitividade é afetada pelo câmbio e até pela política trabalhista brasileira que não respeita a sazonalidade", disse Tilkian. Em 2009, a Estrela calcula ter faturado cerca de 15% a mais que no ano anterior, quando as vendas chegaram a R$ 108 milhões.
As propostas para a fusão já foram apresentadas ao Ministério da Indústria e Comércio, acompanhadas de uma série de reivindicações, como redução de carga tributária sobre os produtos e limitação da entrada de importados. "Só assim vamos ampliar nosso poder de negociação e ganhar escala econômica", disse Costa. Segundo ele, a associação conversa sobre a fusão também com investidores americanos e chineses, que entrariam como sócios da nova empresa. "Estudamos até a possibilidade de fabricar cerca de 20% dos produtos na China." Em 2009, a produção nacional de brinquedos movimentou R$ 4,4 bilhões. Em 2010, o faturamento deve alcançar os R$ 5 bilhões, segundo a Abrinq.
Por : Naiana Oscar, para o Jornal “ O Estado de São Paulo”, edição de 07/4/2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário