domingo, 9 de outubro de 2011

Panty & Stocking with Garterbelt

Imagine qualquer animação feita pela Cartoon Network com uma pitada de humor ácido no roteiro (estilo Comedy Central) e organizado por japoneses.
Por Roberto “Synthzoid” Maia 
Panty & Stocking with Garterbelt foi criado pela Gainax, famosa entre os de fãs de anime e mangá por obras como “Neon Genesis Evangelion” e “Tengen Toppa Gurren Lagann”. Porém, nessa série o estúdio abriu mão dos roteiros com histórias complexas e personagens psicologicamente instáveis para um criar histórias mais leves, cheias de ação e humor babaca. Para todos os efeitos, a série é um anime diferente, com referenciais mais próximos dos cartoons americanos, como aqueles produzidos pelo Craig McCracken (criador de animações como As Meninas Superpoderosas e Mansão Foster Para Amigos Imaginários). A premissa é simples e agradável, contando a história das irmãs Panty e Stocking Anarchy, que foram expulsas do paraíso graças a seus vícios. Agora, sob a tutela do padre Garterbelt – um cara de bata com um enorme penteado afro – devem caçar demônios e fantasmas, param conseguirem o direito de voltar para o paraíso.

A construção dos episódios lembra os desenhos americanos, geralmente divididos em dois episódios de 15 a 20 minutos (como aqueles da Hanna Barbera). O título costuma ser uma referência ao cinema americano, como Death Race, Sex and the City e De Volta Para o Futuro! Porém, alguns episódios arriscam por ser mais experimentais, seja no quesito animação ou na construção do roteiro, equilibrando assim com as altas doses de humor e ação que a série proporciona.
Em “Panty & Stocking”, esqueça o estereotipo das protagonistas de anime. As moças são proativas, dotadas de sangue-quente e não costumam levar desaforo pra casa. Sem falar que fazem o sexo masculino de babaca e costumam sentir dificuldades em conciliar sua vida heroica com uma rotina consumista repleta de hedonismo. E a gente se diverte com essas situações. 
Porém, não é só de sátiras ao entretenimento americano que vive a série. Em sua natureza, ela flerta muito com o gênero mahou shoujo (“mahou” significa “magia” e “shoujo” traduz como “garota”). Conhecemos esse estilo com as séries “Sailor Moon” e, mais recentemente, “Sakura Card Captor”. A maior evidência deste flerte esta no clichê da “cena de transformação”, comum no gênero, que aparece em Panty & Stocking de uma forma subvertida: um show de Pole Dance com as irmãs Anarchy. Elas invocam suas vestes de combate, inclusive transformando a lingerie em armas como pistolas e katanas, tudo ao som de uma poderosa dance music, cortesia do DJ TeddyLoid, relativamente conhecido no cenário musical nipônico. 
A trilha sonora é um show a parte e realmente, embora focada no eletrônico, consegue ser versátil e casa com as mais variadas situações, vale a pena conferir faixas como “EPTM”, “Dancefloor Orgy”, além de “Fly Away” e “I Want You”. Apesar de sua simplicidade, a série possui um qualidade de produção formidável, surpreendendo a cada episódio com uma situação non-sense atrás de outra. 
Infelizmente, a mesma não tem perspectiva de sair no Brasil, mas os interessados – e mais ousados – podem adquirir o produto na amazon.jp.
Talvez seja até ofensiva para os mais puristas ou de humor sisudo, mas não deixem se enganar por trás dos desenhos cartunescos, é diversão garantida.

Postado originalmente no site Contraversão.

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