segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A Biografia de Steve Jobs

O Brasil recebeu esta segunda-feira (24) a primeira parte da biografia do fundador da Apple, Steve Jobs. 
A obra Steve Jobs de Walter Isaacson foi traduzida para 14 idiomas e tem lançamento em 18 países. Estava previsto que a biografia de Steve Jobs fosse lançada no dia 21 de novembro, mas sua morte, em 5 de outubro, fez com que sua publicação fosse antecipada. 
Walter Isaacson, ex-diretor da revista Time, escreveu no passado biografias de outros personagens famosos como a do físico alemão Albert Einstein, do ex-presidente americano Benjamin Franklin e do ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger. A obra é baseada em mais de quarenta entrevistas com Jobs ao longo de dois anos, além de relatos de mais de cem familiares, amigos, colegas, adversários e concorrentes. O livro narra a vida atribulada do empresário extremamente inventivo e de personalidade forte e polêmica, cuja paixão pela perfeição e cuja energia indomável revolucionaram seis grandes indústrias: a computação pessoal, o cinema de animação, a música, a telefonia celular, o mercado de tablets e de livros digitais. 
 Embora tenha cooperado com esta obra, Jobs não pediu nenhum tipo de controle sobre o conteúdo, nem mesmo o direito de lê-lo antes de ser publicado. Não estabeleceu nenhum limite: pelo contrário, incentivou seus conhecidos a falarem com franqueza. O livro foi lido antes de seu lançamento por jornalistas do jornal The New York Times e do site The Huffington Post.

Veja algumas revelações presentes no livro: 
Cirurgia contra o câncer 
Steve Jobs se negou, em princípio, a se submeter a uma cirurgia para extirpar o câncer de pâncreas que acabou com sua vida. Ele optou por tratamentos alternativos e gastou fortunas com pesquisas médicas. Segundo o biógrafo, Jobs confessou a ele que, no final, arrependeu-se da decisão de adiar a cirurgia. E recebeu tratamento contra o câncer em segredo, ao mesmo tempo em que dizia as pessoas que estava curado. 
Casamento 
Jobs chegou a propor casamento a Laurene Powell, uma corretora do banco Goldman Sachs, no Ano-Novo de 1990, mas não voltou a mencionar o pedido a ela durante meses. Exasperada, Laurene mudou-se em setembro, mas voltou quando Jobs lhe presenteou com um anel de noivado, de diamantes. Steve Jobs também contou a Isaacson, rindo, que teve de deixar fora do alcance de sua esposa liberal as facas de cozinha, quando convidou para jantar em sua casa Rupert Murdoch, o chefe conservador da News Corp. 
Jobs grita com fundadores do Google 
Jobs brigou muito e recebeu aos gritos, em 2008, os cofundadores da Google, Larry Page e Sergey Brin, por causa do sistema operacional e dos aplicativos Android que concorrem com o iPhone, da Apple. Android é um sistema “roubado”, segundo ele O site The Huffungton Post descreve que o livro tem trechos que mostram a fúria de Jobs contra o Android, sistema operacional do Google, considerado pelo fundador da Apple uma cópia de seus sistema. - Estou disposto a seguir nesta guerra termonuclear. Eu vou gastar o meu último suspiro se eu precisar, e eu vou gastar cada centavo dos US$ 40 bilhões que a Apple tem no banco [...]. Vou destruir o Android, porque é um produto roubado. Jobs também criticou o trabalho do Google, dizendo a Isaacson que "fora a busca, os produtos do Google - Android, Google Docs - são uma merda". Isaacson escreve que Jobs havia tentado convencer o Google a não desenvolver um sistema operacional móvel. 
Tim Cook 
O livro descreve que Jobs não concidou Tim Cook para o cargo de diretor de operações para a Apple. Jobs teria apenas avisado Cook de que ele havia sido escolhido. A informação foi passada a Cook por um telefone dado por Jobs durante um voo ao Japão. - Decidi fazer de você o diretor de operações. Depois, contou ao biógrafo como foi a escolha. - Eu sou um bom negociador. Mas ele provavelmente é melhor do que eu porque ele é um cliente legal
Encontro com Bill Gates 
Jobs começou a se encontrar, na última primavera, com as pessoas que queria ver antes de morrer. Entre elas estava seu eterno rival Bill Gates, cofundador da Microsoft, que o visitou em casa, em maio, e ficou mais de três horas. 
Fundador da Apple oferece apoio a Obama 
Jobs ofereceu ao presidente dos Estados Unidos Barack Obama, no ano passado, ajuda para a campanha política de 2012 após criticá-lo.


Entrevista com Walter Isaacson
Da Agencia O Globo
Que tipo de pessoa era Steve Jobs? 
WALTER ISAACSON: Ele era intenso. E reagia de forma muito emocional ao mundo. Gente de tecnologia não costuma ser boa em compreender emoções. Mas ele entendia. Ele sempre parecia saber exatamente o que você estava pensando. Steve Jobs entendia emoções melhor do que qualquer um que conheci. Comigo, sempre foi muito cordial. Mas eu o vi perder a paciência mais de uma vez com outros. Ele conseguia ser muito duro, às vezes.

Ele reclamava constantemente de que copiavam os produtos da Apple. Mas o computador Macintosh nasceu de uma ideia da Xerox. Na opinião dele, qual era a diferença?
ISAACSON: Tenho um capítulo inteiro no livro sobre como foi aquela visita dos engenheiros da Apple ao PARC, laboratório da Xerox. Ele via duas diferenças. A primeira é que houve um acordo. A Apple pagou para conhecer as tecnologias que a Xerox estava explorando. E a Xerox nunca fez dinheiro com aquelas inovações. A segunda diferença é que ele melhorou muito o que viu. A equipe da Xerox inventou a interface gráfica de ícones e janelas. Mas o pessoal da Apple criou muito em cima do conceito. Nos computadores da Xerox, você não podia arrastar os ícones. Não podia clicar duas vezes em algo para abrir. Não havia barra de menu. Steve e os engenheiros da Apple transformaram o que viram na Xerox em algo mágico. É por isso que, quando a Xerox lançou seu computador, ninguém o comprou. Quando a Apple lançou o Macintosh, criou o padrão de como computadores viriam a ser.
Jobs era difícil de agradar. Que tipo de pessoa ele admirava?
ISAACSON: Artistas. Bob Dylan. Os Beatles. Picasso. Ele se via como um artista.
Ninguém no Vale do Silício?
ISAACSON: Bill Hewlett e David Packard, por terem feito da HP, que fundaram, uma grande empresa em seu tempo. Mais do que respeitar gente responsável por produtos ou empreendedores que criam várias empresas, o que é típico no Vale, Steve respeitava aqueles que criavam uma empresa capaz de crescer e durar.
Inicialmente, você resistiu a escrever esta biografia.
ISAACSON: Recebi uma ligação dele no verão de 2004 me perguntando se eu não gostaria de escrever sua história. Eu havia acabado de publicar uma biografia de um dos fundadores dos Estados Unidos, Benjamin Franklin, e estava terminando outra, de Albert Einstein. Ele achava que era o próximo na fila. Me pareceu arrogante. Jobs estava no meio de uma carreira com muitos altos e baixos. Ainda não havia iPhone ou iPad. De vez em quando nos encontrávamos e ele voltava ao assunto. Até que um dia, em 2009, sua mulher Laurene ligou. “Se você quer escrever este livro, é bom começar logo”, disse. Foi quando percebi que o câncer era sério e que eu tinha a oportunidade de compreender uma das grandes mentes inovadoras de nosso tempo, desde que tivesse pressa.
Era um gênio?
ISAACSON: Ao conectar arte e tecnologia, trouxe uma contribuição fundamental. Teríamos aparelhos mais feios e desconjuntados não fora ele. Não era mais inteligente do que outros no Vale. Mas tinha essa intuição que outros não têm. Isso fazia dele um gênio.





Fonte R7

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