segunda-feira, 25 de abril de 2011

Rebecca Black, os Dias Seguinte

Kickin’ in the front seat
Sittin’ in the back seat
Gotta make my mind up
Which seat can I take?
Rebecca Black
Desde Dylan que um artista americano não consegue sintetizar tão bem os anseios da juventude. Não é a toa que uma das melhores paródias de Friday é a versão cantada pelo velho Bob. Com dois meses de carreira a jovem californiana já mostrou que veio para ficar e conseguiu chamar a atenção e incomodar muita gente do meio artístico.
O primeiro hit da cantora foi visto por mais de cem milhões de pessoas (113 quando esta matéria foi escrita) e não para de ter acessos. No YouTube bateu, merecidamente, o recorde anterior de "Baby" do cantor Justin Bieber, que levou dois meses para conseguir o mesmo feito. Os produtores da série "Glee" anunciaram que o hit terá uma versão no programa. Black já ganhou até mesmo a inveja da concorrente Miley Cyrus, a Hannah Montana, que a criticou e depois voltou atrás.

Na área artística nacional alguns astros foram consultados a respeito dela. Luan Santana disse que não foi a pior coisa que ouviu na vida - Afirmação não surpreende. Os meninos do Restart disseram que tem tudo para virar hit – Idem.
Infelizmente, nem só de flores começa o reinado de nossa estrela da música pop. Recentemente ela recebeu ameaças de morte caso não retirasse seu hit do YouTube. Particularmente, acho que não deve ter passado de trote, mas dá uma idéia de onde a paranóia anti-Rebecca chegou.
Mas, num mundo onde Biebers e Parangolés são astros o que torne a garota tão antipática ao grande público?
A falta de uma grande empresa de mídia para empurrá-la goela abaixo dos adolescentes. Diferente de outros artistas a moça foi lançada na mídia por uma pequena produtora de fundo de quintal e sem nenhum padrinho milionário indo à mídia e dizer o chavão de sempre: “Ela é um gênio. O futuro da música ocidental.” – Lady Gaga tentou fazer este papel recentemente, mas não convenceu.
Acho que chega a ser uma compensação psicológica. De tanto ouvir as porcarias que a indústria musical lhes enfia goela a baixo, os jovens externaram toda a sua frustração na jovem que não teve até o momento a quem recorrer como protetor.
Eu particularmente vi com bons olhos a garota. Em entrevistas, ela se mostrou equilibrada – Chegou a dizer que não se considera nem a melhor, nem a pior cantora do mundo; e que tem senso de humor - No site Funny or Die fez uma paródia de si mesma ao analisar a profundidade da letra de sua música.
Vamos ver em seu novo trabalho que será lançado em algumas semanas se alguma mega corporação começa a apoiar a moça, que até o momento está sendo usada como válvula de escape para a frustração de uma juventude saturada de cantores arrogantes e de talento duvidoso.
Bem que ela podia regravar uma música dos RDP que fala sobre uma situação parecida a de Rebecca Black:
“Nascer para liberdade e crescer para morrer.
crucificados pelo sistema
morrer sem esquecer o povo que ficou...
crucificados pelo sistema”




Postado originalmente no blog: A Marcha dos Lemingues

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