quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Sensualidade em Mangás Proibida no Japão
A Assembleia Metropolitana de Tóquio aprovou nesta quarta-feira uma lei que proibirá, a partir de julho de 2011, a venda na cidade de mangás com cenas sexuais "extremas" aos menores de 18 anos, causando polêmica sobre liberdade de expressão.
A norma determina à indústria do mangá (histórias em quadrinhos japonesas) que previna que os menores de idade adquiram ou tenham acesso a material explícito de incesto, estupro e outros crimes sexuais.
A medida suscitou forte polêmica na indústria da história em quadrinhos, para quem a medida significa censura à liberdade de expressão e à criatividade dos desenhistas.
A regulamentação não é vista com bons olhos, principalmente pela indústria de quadrinhos japonesa, que a considera uma espécie de perseguição.
O principal argumento é que a lei exige que passem para a seção adulta de mangás (para maiores de 18 anos) as revistas “com representações extremas de estupro, incesto e outros crimes sexuais, com imagens injustificavelemente exaltadas ou exageradas” – mas não se opõe a material com fotografias, filmagens ou descrições em texto das mesmas cenas. A lei se aplica somente a imagens desenhadas, pintadas, geradas em computador etc.
A primeira reação da indústria foi o boicote à Tokyo Anime Fair, convenção promovida pelo próprio governo para estimular a indústria. As dez maiores editoras de mangá japonesas, segundo o site Bleeding Cool, anunciaram que não vão participar se a lei continuar em discussão.
Já antevendo a força da nova lei, o site Sankaku Complex relata o caso da quadrinista Yaoi Shouko Takaku, que recebeu ordens de sua editora para parar de usar personagens com uniforme de colegial – um dos maiores clichês dos mangás eróticos.
Enquanto em alguns países, como os EUA, é processado o estabelecimento que vende o material proibido, no Japão a própria editora/produtora também pode ser processada. Complica mais o fato dos artigos da lei serem vagos, abrindo possibilidade para muita coisa virar motivo de processo.
Analistas do mercado japonês – que anda em baixa, como toda a economia japonesa – veem que a nova lei pode ser um “último prego no caixão” da indústria do mangá.
Postado originalmente no site de notícias G1
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