Vampiros, gente sinistra, gatos pretos, fantasmas e mesmo o diabo em pessoa, sempre aprontando das suas.
Em abril de 2010, a Saraiva, por meio de seu selo Arx, lançou as adaptações em quadrinhos Frankenstein e Histórias de Poe, ambas produzidas na Espanha, pela editora Parramón.
A parceria rendeu novos frutos: já estão à venda nas livrarias mais duas obras espanholas. A primeira é Histórias para não dormir, que com acabamento cartonado e impressão colorida traz 7 desses clássicos assinados por Guy de Maupassant, Sheridan Le Fannu, Edward White, William Polidori, Catherine Crowe, Robert Stevenson e Edgar Allan Poe.
Pelas mãos de grandes mestres do terror do século 19, personagens de arrepiar foram eternizados e popularizados em contos escritos ainda sob a luz de candelabros e candeeiros. De lá para cá, essas histórias clássicas da literatura de horror mantiveram intactas sua força junto ao público leitor e são ainda as favoritas para noites em que o sono não vem ligeiro.
Narram as histórias, seus próprios autores. Por exemplo, "o mestre do macabro"Allan Poe, na companhia de sua sombra projetada na parede e de seu corvo negro, introduz o conto O gato preto. "Os Glenville adoravam animais", começa o escritor. Mas o gato "Pluto" não era
um adorável bichano como os outros. Dizia-se na época, gatos como ele eram bruxas disfarçadas e que quando morriam traziam azar para seus donos. Dito e feito.
"O vampiro, o balão", de Willian Polidori, nos situa em Londres, inverno de 1815, tempo em que a alta sociedade vivia em festa e bailes. Em uma dessas ocasiões, o destino do jovem herdeiro Aubrey se cruza com o do sinistro lorde Ruthven. Sua vida nunca mais seria a mesma. Nos quadros de Pedro Rodríguez, vítimas e vilões saltam de uma a outra aventura, em meio a balões de gritos de pavor e barulhos assustadores, surpresas a não ter fim.
A cada história, além do susto, o leitor leva um pouco da vida do escritor. Bom dizer, esses mestres da literatura de horror transmitiam nas histórias inquietações que tinham em suas vidas - alguns com problemas de insanidade, outros com suicídio. Sheridan Le Fannu tinha o apelido de "Príncipe Invisível". William Polidori era fascinado por histórias de fantasmas. Catherine Crowe pesquisava ocultismo. Já Lucas White escrevia contos inspirados por seus pesadelos. Entre lucidez e loucura, certo, mas todos, sem exceção, geniais.
A outra novidade é Berço de corvos (formato 17 x 24,5 cm, 96 páginas coloridas, R$ 39,90), uma graphic novel escrita por María Zaragoza e desenhada por Dídac Plà, na qual um jovem casal passa cinco dias dentro de um quarto, com muito sexo, drogas, mentiras, literatura, segredos e lágrimas.
Ele é um garoto angustiado por dramas existenciais, que resolve gastar todo o seu dinheiro para ter a companhia de uma prostituta em seus últimos dias de vida. Ela carrega no corpo as marcas de um passado violento (metade do seu rosto é queimado) e, no peito, um "berço de corvos" no lugar do coração.
Numa história com muitas referências a Dom Quixote, os autores constroem uma narrativa que aborda as grandes paixões humanas: amor, vida e morte, com um traço de inspiração cubista.
Histórias para não dormir e Berço de corvos têm tradução de Ana Luisa Martins.
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