É este evento que se volta a exposição Quadrinhos’51, que pretende resgatar a memória dos artistas brasileiros que estiveram em atividade nos anos 1950, 60 e 70.
Numa matéria publicada na Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro, Jayme Cortez declarou ao jornalista Tito Silveira que eles queriam “mostrar que as histórias em quadrinhos, quando bem executadas, são verdadeiras obras de arte, com a sua linguagem própria e em idade adulta.”
Naquela época os quadrinhos eram execrados por “defensores da família e dos bons costumes” tanto no Brasil como nos Estados Unidos, onde imperou por muito tempo o Comics Code Authority, mecanismo auto-regulatório que colocava um “selo de qualidade” nas revistas aprovadas para os jovens.
Por isso, a atitude desses cinco rapazes paulistas foi muito corajosa e exemplar. Em declaração ao O Globo, que circulou no dia da abertura da exposição, Álvaro de Moya disse que no Brasil ainda não havia aparecido “um crítico sequer ou literato que entendesse, o péssimo costume daqueles que, no aparecimento das primeiras letras, no nascimento do cinema, etc, se revoltaram contra a juventude e procuraram cercá-la de adjetivos desairosos.”
Os originais que o jovem Álvaro de Moya olha na foto acima, são páginas de A Marcha, uma história em quadrinhos adaptada do romance de Afonso Schmidt que Moya desenhou para a revista Edição Maravilhosa, n° 110, da Ebal, publicada originalmente em setembro de 1955. Na exposição Quadrinhos’51, estarão expostos algumas páginas inacabadas de uma nova versão dessa história que nunca chegou a ser publicada.
Quadrinhos’51 apresentará ainda artes de grandes desenhistas que jamais foram expostas ao público. Dentre os originais, estarão obras de Álvaro de Moya, Jayme Cortez, Eugênio Colonnese, Julio Shimamoto, Antonino Homobono, Rodolfo Zalla, Primaggio, Flávio Colin, Rodval Matias, Saydemberg, Messias de Mello, Ignácio Justo, Getúlio Delfin, Manoel Victor Filho entre muitos outros.
A exposição também exibirá publicações históricas dos quadrinhos brasileiros e estrangeiros, como O Tico-Tico, O Globo Juvenil, Biriba, Heavy Metal, Creepy, Eerie, AlterLinus, Metal Hurlan, além de desenhos autografados de artistas internacionais como E. T. Coelho, Joe Kubert , Osamu Tesuka, Mort Walker, Quino, Hugo Pratt, J.Blasco, Bob Brown, Esteban Maroto, Jean Giraud/Moebius, Milton Caniff, Hergê, Dick Browne, Neal Adams, André Le Blanc, José Luiz Salinas, Will Eisner, Jerry Robinson, Jim Davis e Serpieri.
A exposição, que tem a curadoria de Francisco Ucha e Fábio Moraes, acontece a partir de 21 de março no Museu Belas Artes de São Paulo-MuBA.
Para mais informações, visite o blog do Quadrinhos’51.
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