Jogos pouco conhecidos que você deveria tentar.
Inspirado num vídeo que vi certa vez no The Escapist Magazine, resolvi começar meus posts sugerindo jogos de tabuleiro ou RPG pouco conhecidos no Brasil, mas que têm algum elemento muito interessante, e que deveria ser jogado.
Não prometo que todos os jogos sejam bons, mas sempre vão ter algum elemento diferenciado ou que merece ser visto.
Começando pelo jogo mais complexo já criado: Go, também conhecido com o nome coreano Baduk, ou o nome chinês Weiqi.
Go é um jogo muito simples de se aprender. Há pouquíssimas regras, que em sua maioria são simples e intuitivas. A complexidade do jogo não vem da quantidade de regras, mas de como elas são usadas, numa complexidade conhecida por game designers como “complexidade emergente”.
O jogo é jogado num tabuleiro de 19x19 linhas, mas também pode ser jogado em tabuleiros de 9x9 ou 13x13. Ao contrário do xadrez e outros jogos clássicos de tabuleiro, as pedras não são jogadas nos quadrados formados por essas linhas, mas nas interseções dessas. A cada rodada, um jogador pode colocar mais uma pedra no tabuleiro ou passar seu turno. Se ambos passarem (quando não houver nenhuma jogada vantajosa para nenhum dos dois), o jogo termina.
O objetivo do jogo é cercar o máximo de território possível, e impedir que o oponente consiga invadir esse território. Por isso, geralmente os jogadores começam nos cantos, depois vão para os lados e finalmente atacam o centro.
Cercar pedras do oponente sem deixar nenhum espaço vazio entre elas elimina essas pedras do tabuleiro, contando como pontos. Não é possível jogar onde aconteceria um suicídio. Por isso, grupos com dois “olhos” (ou seja, dois espaços vazios separados) se tornam “imortais”.
A pontuação final é dada pela quantidade de espaços vazios cercados pelas suas pedras, mais a quantidade de pedras que você capturou. Quem conseguir mais pontos, vence.
Além disso, atualmente as pedras brancas ganham um extra de 6.5 pontos (chamado “Komi”), já que as pedras pretas começam jogando. Pode parecer muito, mas a pedra de vantagem que a pedra preta tem, por jogar primeiro, pode fazer toda a diferença numa corrida de vida ou morte, então os pontos extras valem a pena. O “0.5” ponto extra faz com que empates sejam impossíveis.
Isto é apenas uma simplificação das regras, para se ter uma idéia de como o jogo funciona. Regras mais detalhadas podem ser encontradas aqui.
Go é um jogo tão bem construído que, até hoje, não foi possível construir uma única máquina capaz de ganhar de um profissional, ao contrário do Xadrez, com o Deep Blue ganhando do lendário Kasparov.
Isso acontece porque, de acordo com certos cálculos, a quantidade possível de partidas de Go é maior que a quantidade de átomos no Universo, o que torna inviável a análise do jogo por um computador.
Também porque o elemento de vitória (o acúmulo de território) é um conceito computacionalmente mais vago do que o de xadrez (capturar o Rei oponente).
Além de tudo, o jogo tem ranks, mais ou menos como as artes marciais. Um jogador iniciante começa como 30kyu, e esse número vai diminuindo conforme ele progride. Quando chegar ao 1 kyu e progride mais um rank, ele se torna um 1 dan, e pode continuar progredindo até chegar ao 8 dan. No Japão, China e Coréia, esses ranks são reservados para os profissionais do jogo, e chega até o 9 dan.
Profissionais com um título (que funcionam mais ou menos como os cinturões das artes marciais, você tem aquele título até que alguém tome de você) são considerados 10 dan.
Pela simplicidade do jogo, é fácil fazer com que uma partida entre ranks diferentes seja equilibrada. Se, por exemplo, um 13 kyu enfrenta um 10 kyu, ele coloca três pedras a mais no tabuleiro, e o 10 kyu considera o komi como 0.5, apenas. Dessa forma, a partida se mantém mais ou menos equilibrada mesmo que haja uma diferença na força nos jogadores.
Existem análises mais avançadas do jogo, reservadas para ranks um pouco mais altos, como formato dos grupos vantajosos ou fracos, superconcentração de peças, entre outras coisas.
Go é um jogo rápido de se aprender, mas que leva uma vida inteira para se dominar.
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