Em 8 de abril de 1990 estreou na TV americana "Twin Peaks", série que marcou a ruptura entre o ontem e o hoje no universo dos seriados. Criada por David Lynch e Mark Frost, a série trouxe para o formato uma história complexa, intrigante e muitas vezes desconcertante para um público acostumado à divisão entre o bem e o mal. "Twin Peaks" era uma novela noturna, gênero que cresceu nos anos 80, embalada em uma estética cinematográfica, que, com isso, estabeleceu um novo padrão no fazer seriado. A produção deu aos roteiristas de séries de TV 'a carta de alforria' para se libertarem de fórmulas.
Muitos poderão argumentar que "Twin Peaks" foi o resultado das produções acumuladas nas décadas anteriores, o que é absolutamente verdade. No entanto, ela se tornou revolucionária a partir do momento que se livrou de amarras morais estabelecidas pela televisão. A liberdade criativa que "Twin Peaks" trouxe para os seriados é explorada até hoje. Nada do que vemos atualmente seria possível sem ela. Qualquer produção hoje considerada revolucionária, é, na verdade, uma evolução da verdadeira reviravolta narrativa que foi "Twin Peaks". Nem mesmo a popular "Lost" consegue estabelecer o mesmo grau de rompimento com o passado, de transformação de formato e de revolução televisiva que foi "Twin Peaks" para os seriados americanos.
"Twin Peaks" era uma série desenvolvida a partir da psicologia e do comportamento de seus personagens, os quais definiam a história; e não uma série cuja história definia o tipo de comportamento de seus personagens. Tanto o texto quanto os cenários, as cores, o figurino, a trilha sonora e os movimentos de câmera, tinham como objetivo expor as maldades dos personagens bons em contraste às bondades dos personagens maus, e vice-versa; embalados pela dor da solidão e da perda. Cada episódio, com poucas exceções, representa um dia na vida dos personagens.
Em uma pacata cidade do interior dos EUA, o corpo de uma adolescente é encontrado embalado em plástico boiando no rio. As características de sua morte levam o agente do FBI, Dale Cooper (McLachlan), a assumir a investigação do caso, mantendo uma parceria com o Xerife Truman (Michael Ontkean). Há tempos que Cooper caça um assassino em série e Laura Palmer pode ter sido mais uma de suas vítimas. A partir das investigações da dupla, abre-se para o público diferentes histórias vividas pelos habitantes da cidade, todas, de alguma forma, interligadas às investigações da morte de Laura.
Compilação de materia publicada originalmente em: Revista TV Série
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