“Neuromancer“, clássico da literatura cyberpunk, finalmente vai chegar às telonas.
A produtora Seven Arts Pictures anunciou que já deu início à pré-produção do longa, que será dirigido por Vincenzo Natali (“Splice – A Nova Espécie“), diretor já experiente na área de ficção-científica.
Para quem não conhece, Neuromancer, de William Gibson, é uma das mais famosas novelas Cyberpunk e foi o primeiro romance a vencer a “tríplice coroa” dos prêmios de ficção-científica – os prêmios Nebula, Hugo e Philip K. Dick. Foi publicado em 1984 nos Estados Unidos e em 1991 no Brasil pela editora Aleph. Esse foi o primeiro livro de Gibson e o começo de uma triologia, conhecida como “Trilogia Sprawl”. A obra é considerada a base da literatura cyberpunk e, apesar de não ser muito conhecida entre o público em geral, tem status cult entre os críticos e a cultura underground. O livro também previu a popularização de programas no formato “reality-show” e conceitualizou aquilo que hoje é a World Wide Web (rede mundial de computadores, ou internet).
Neuromancer é um livro de ficção científica que introduziu novos conceitos para a época, como inteligências artificiais avançadas e um cyberespaço quase que “físico”, conceitos que mais tarde foram explorados pela trilogia Matrix.
O livro conta a história de Henry Case, hacker (ou “cowboy”, como eles são chamados no livro) que comete o erro de tentar roubar seus patrões e é proibido se conectar à Matrix, rede virtual coletiva que forma o ciberespaço. Case se torna um pária, vagando pelas ruas em busca de um jeito de voltar à Matrix. Um dia ele conhece Molly, mercenária à serviço de um ex-militar chamado Armitage, que oferece ao cowboy um emprego e uma chance de recuperar seu passe de entrada para a Matrix.
Foi através deste livro que se popularizou o termo “ciberespaço”, cunhado alguns anos antes pelo próprio Gibson em um de seus contos.
Natali comentou ano passado sobre sua visão de Neuromancer, logo após seu anuncio como diretor: “O filme ’Splice’ é sobre evoluir nossos corpos. Neuromancer é sobre evoluir nossas mentes, e como nós vamos nos fundir e interagir com as consciências mecânicas no futuro. O que eu também acho que é inevitável, e eu não penso que (o filme) ‘Matrix’ começa ou ao menos tenta chegar nesse território (de discussão). De fato, em alguns aspectos ‘Matrix’ é como um livro de Philip K. Dick, na verdade é sobre o que é real. E Neuromancer flerta com isso, mas eu acho que é mais sobre a nossa evolução. E também tem um tom mais realístico. ‘Matrix’, que eu gostei muito, é um filme que é muito baseado numa realidade de histórias em quadrinhos, e meio que tem um ‘sabor’ desse mundo. Enquanto que minha abordagem de Neuromancer vai procurar tratá-lo com mais realismo.”
Um filme vêm sendo planejado há anos, mas nunca saiu do papel. Inicialmente, o responsável pelo projeto era o diretor Joseph Kahn (“Fúria Sobre Duas Rodas“), mas o filme não andou e Kahn foi substituído por Natali no ano passado. Segundo o site Ain’t It Cool News, o filme foi negociado durante essa semana no Festival de Cannes e já têm garantidos seus direitos de distribuição.
Kate Hoffman, chefe de operações da Seven Arts Pictures, o filme será uma produção de parceria entre EUA e Canadá e terá suas principais locações em Tóquio, Istambul, Londres e Canadá. Hoffman também confirmou que a equipe de efeitos visuais já começou a trabalhar e as filmagens devem começar na primeira metade de 2012. Aliás, uma das grandes preocupações é justamente com o visual do filme já que, ao contrário da maioria dos romances, em Neuromancer nada é detalhado e Gibson deixa praticamente todos os cenários à cargo da imaginação do leitor.
Adaptado da postado originalmente no site Cinema com Rapadura
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