Livros de RPG sempre foram alvos de censura em diversos setores de sua produção. Muitas vezes livrarias especializadas recusavam receber certos títulos, mas em alguns casos, as próprias editoras desistiam de um lançamento e recolhiam os livros das lojas.
A seguir, uma lista com 10 desses títulos, e uma breve explicação do porque eles terem sido considerados "inapropriados".
1 - Palace of the Silver Princess, 1st Printing (TSR, 1981)
A edição original, de capa laranja, foi um dos primeiros (senão o primeiro) a ser retirado do mercado. Hoje é um dos exemplos mais conhecidos de livros de RPG "banidos".
Jean Wells, autora do RPG, foi escolhida cuidadosamente, para que houvesse um toque feminino no universo dos Role-Playing Games. O jogo não obteve muita atenção, até que ele teve que voltar das gráficas.
The Illusion of Decapus |
Um dos executivos da TSR (muito dizem que teria sido Kevin Blume, outro dizem que foi Gary Gygax) decidiu que o livro possuia material "inapropriado". Algumas cópias do livro já haviam sido vendidas aos distribuidores e alguns funcionários da TSR levaram cópias para casa, mas a editora destruiu todas as cópias nas quais puseram por as mãos.
A arte do livro, em sua maioria de Erol Otus, foi o principal problema do livro. Uma das ilustrações, chamada "The Illusion of Decapus" mostrava uma mulher sendo torturada, com várias criaturas masculinas ao seu redor. Outra gravura mostrava um hermafrodita de três cabeças.
2. GURPS Cyberpunk (Steve Jackson Games, 1990).
Apesar de GURPS Cyberpunk não ter sido a causa da "batida" de 1o de março de 1990 na Steve Jackson Games, os agentes do Serviço Secreto americano envolvidos na ação carregaram todos os computadores contendo os arquivos desse complemento, nomeando-o "manual para o crime virtual". Eles não devolveram os arquivos - nem mesmo manuscritos que foram levados - fazendo com que GURPS Cyberpunk se tornasse o único exemplo na lista de publicaçòes censuradas que foram realmente retidas pelo governo - provavelmente violando a Primeira Emenda Americana.
3. Killer (Steve Jackson Games, 1982).
Killer, uma transcrição do jogo de domínio público Assassin (muito similar ao "Polícia e Ladrão" brasileiro), deve ser o RPG mais censurado de todos os tempos. Muitos campus de universidades americanas através do país baniram o jogo porque não queriam que seus alunos ficassem correndo por aí fingindo matar uns aos outros, o que é totalmente compreensível, dado o aumento do índice de violência por armas de fogo nas escolas que teve como ponto culminante o Columbine Massacre em 1999.
Killer também ganha destaque por ser um dos primeiros jogos a ser banidos pela TSR na Gen Con. De acordo com uma fonte, Ernie Gygax conversou com Steve Jackson, afirmando que Killer não poderia ser exposto pois violava o "Padrão de Produtos GenCon". Quando Jackson protestou sobre o fato de não ter conhecimento sobre isso, Gygax falou que o padrão ainda não havia sido escrito, mas que de uma forma ou de outra Killer era uma violação.
4. Alma Mater (Oracle Games, 1982).
O jogo dos anos 80, Alma Mater (1982), jogo de pequena tiragem sobre a vida de estudantes do colegial, é quase um sinônimo de jogo proibido. Foi lançado na Origins, aonde foi banido, e depois foi banido novamente da GenCon - o que deve ter acontecido no mesmo ano que a TSR tentava impedir a venda de Killer na convenção. Esses embargos aconteceram devido a crueza de Alma Mater, que não tinha pudores ao mostrar o lado mais áspero da escola - com sexo drogas e violência. Entretanto, a arte de Erol Otus provavelmente foi a gota que transbordou o copo, já que incluia imagens como a de um estudante atirando em outro demonstrando total descaso com o que fazia. Veja aqui mais algumas imagens do jogo.
5. Book of Erotic Fantasy (Valar Project, 2003).
Quando começaram a haver rumores de que a Valar estava trabalhando no Book of Erotic Fantasy, a Wizards of the Coast correu para introduzir um "Padrão de Decência da Comunidade" à licensa d20, então a Valar não pode usar o sistema (sombra da experiência do Killer na GenCon em 1982).
A Valar usou o OGL ao invés disso. Então, esse livro não foi banido pela Wizards, mas ele certamente recebeu censura e isso foi com certeza parte de uma tentiva de mantê-lo longe das gráficas.
6. Wings of the Valkyrie (Hero/ICE, 1987).
Wings of the Valkyrie era uma aventura para o RPG Champions com um plot bem interessante: viajantes voltaram no tempo e mataram Hitler e ao fazê-lo criaram um futuro muito pior. Os jogadores confrontam um dilema: eles devem permitir que Hitler mate milhões de pessoas para salvar o futuro?
Infelizmente, a premissa do jogo ofendeu muitas pessoas - possivelmente um distribuidor maior.
7. Theatrix Presents Ironwood (Backstage Press, 1994) e outros produtos dos anos 90.
No fim de 80, início de 90, a TSR estava ficando com muito medo das mães bravas que achavam que D&D ensinava seus filhos a serem maus. Lorraine Williams e James Ward estavam dentre os que erguiam a bandeira da prevenção da "Síndrome da Mãe Brava". Então, os demônios e assassinos desapareceram de AD&D e os padrões do que seria aceitável na GenCon se tornaram muito rigorosos, muito diferente do tempo em que a GenCon nem tinha um código de padrões de produto. Essa era a atmosfera quando Theatrix Presents Ironwood (1994) foi banido da convenção.
Ironwood - baseado em uma série de quadrinhos adultos de Bill Willingham (ironicamente) ex-funcionário da TSR - obteve destaque por causa do barulho feito na internet pelo co-fundador da Backstage Press para banir o material. Graças a isto, nós temos uma lista de critérios que a TSR usou para banir produtos da feira em 1994, que inclui material que:
- Contém mutilação ou tortura aberta.
- Nudez
- Caracterização negativa de qualquer religião corrente.
- Material que retrate qualquer religião antiga como ainda em exercício.
- Material que retrate o esforço legal de qualquer indivídio de forma depreciativa.
- Uso de linguagem chula.
Finch afirmava que Ironwood correspondia a todos os critérios, menos o primeiro.
Entre os outros jogos conhecidos por terem sido banidos da GenCon nos anos 90 foram:
Suburban Slasher - David Nalle (1992)
Demons - Complemento de AD&D da Mayfair (1992-1993)
Mort Sourcebook - Complemento do RPG SLA Industries(1995): Foi banido por ter uma ilustração de genitália na capa de trás do livro.
Houveram muitos outros produtos banidos da GenCon (Incluindo os citados nos itens 8 e 10 dessa lista).
8. Courting Madness (1992) e outros materiais da Pagan Publishing.
Courting Madness, um dos primeiros lançamentos da Pagan Publishing, foi outra vítima da GenCon na década de 90 - nesse caso, devido a um sexo oral implícito com um monstro sem cabeça (imagem).
Courting Madness obteve uma menção especial porque não foi a única vez que produtos da Pagan foram banidos. The Unspeakable Oath #5 (1992), que tem em sua capa uma cabeça de cachorro apodrecendo, entrou numa confusão parecida - A Pagan Publishing poderia vender esse livro, mas "por debaixo dos panos", o que significa que eles não poderiam expor o livro sobre a mesa.
The Unspeakable Oath #4 (1991) mostrava seios enquanto The Unspeakable Oath #10 (1993) tinha em sua capa uma arte similar à pele humana rasgada, também causando problemas.
O elemento que todas essas capas tinham em comum? A arte de Blair Reynolds, certamente um dos artistas mais perturbadores que passaram pelo hobby nos anos 90.
9. Delta Green: Countdown (Pagan Publishing, 1999) e outras publicações de temática nazista.
Entretanto, a Pagan Publishing não tinha problemas apenas com o sexo e a violência mostrados em suas capas. O seu Delta Gree: Countdown teve problemas para ser vendido na Alemanha, devido à temática nazista da arte de sua capa.
O problema é que a Alemanha possui uma lei de censura ferrenha com relação ao nazismo. Muitos jogos através dos anos foram vítimas desse problema. Entre eles figuram GURPS Supers IST (1991), Hidden Invasion (1995), e Luftwaffe 1946 (2003).
10. Faeries (1991) e outros produtos da White Wolf.
A White Wolf é outra empresa de produtora de RPGs que mais de uma vez teve problemas com os seus produtos. Faeries - Ars Magica ficou em destaque porque (acredito) foi o primeiro livro censurado deles. O problema doi a capa, que mostrava não apenas um seio, mas um mamilo - o que escandalizou muitos dos donos das lojas. Quando a Wizards of The Coast revisou o livro, alguns anos depois (1995), colocaram dois velhinhos na capa.
Vampiro causou bem mais problemas - o que não é surpreendente. Algumas lojas não disponibilizaram o Clanbook: Brujah (1992) porque ele usava a palavra com f, enquanto o Clanbook Tzimisce (1995) foi mais um com a incorporação de uma genitália na capa de trás. Ele foi enviado às lojas com uma capa que cobria o fundo do livro. Além disso, também houveram problemas com a GenCon. O Clanbook: Malkavian (1994), foi banido da convenção permanentemente devido a uma ilustração do designer Chris McDonough que foi considerada depreciativa a figura de Jesus.
Fonte: RPGNet
Bons tempos a década de 90.
ResponderExcluirLembro até que um pastor brasileiro de uma certa emissora, chegou a pegar um livro de Vampiro, chuta-lo e cuspli-lo na tv.
Se muitas coisas por lá são assim, imaginem se fosse por aqui, que ainda estamos assombrados pelo cado de Rio Preto, e dizem (pra completar mais ainda), que o Matador de Realengo, tinha exemplares de livros em sua casa.
Real ou não, só basta uma pequena menção para a fogueira começar a crepitar não só ao nosso hobby, mas como aos gamers.